segunda-feira, 22 de junho de 2015

A pá e a enxada





“Há muito tempo atrás ouvi a aplicação de uma figura de linguagem interessante. Sobre o hipotético uso da pá e da enxada”. Por exemplo, quando estamos na igreja e ouvimos uma palavra que gostamos, então usamos a enxada e puxamos figuradamente com a enxada essa palavra para nós. Mas quando é uma palavra no âmbito da exortação usamos a pá, e jogamos aquela palavra para os outros, até mesmo para pessoas que não estão ali na igreja naquele dia.
Entretanto, outro dia presenciei, nesse mesmo contexto um outro uso na aplicação da pá, O fulano estava advertindo o seu companheiro, o Beltrano de que este estava usando muito da pazinha. Toda palavra que vinha para o beltrano, este usava a pá e jogava para o fulano. Então o fulano estava advertindo o beltrano dizendo assim: - Olha a pazinha! Você está usando a pazinha!

Considerando aquilo pude pensar um pouco mais a respeito. “Às vezes usam contra as nossas vidas vários tipos de pá, a pazinha de lixo, e até a pá-carregadeira tentando nos entulhar e sobrecarregar, seja de regras sobre regra, doutrinas de homens, exigências descabidas, notícias desnecessárias, informações que só trazem preocupações, enfim, uma infinidade de pazinhas estão por aí a trabalhar, infelizmente bem poucas no intuito de construir, mas a maioria para entulhar.
Então, o que fazer com as pazadas e pazinhas carregadas das quais somos alvo.
Existe um caminhão chamado caminhão caçamba, ou melhor caminhão basculante, que vem da palavra básculo, que é uma peça de ferro apoiada num pino de forma a abrir e fechar uma comporta. Esse tipo de caminhão é usado para carregar terra, areia, qualquer coisa a granel, por ser fácil e prático de descarregar.
Pois bem, se usarem com você a pazinha, a pá carregadeira, tentando te entulhar e te sobrecarregar, seja como um basculante, levante os seus ombros, deixe todo o entulho cair para trás e siga em frente no seu caminhar. Descarregue todo o conteúdo negativo, inoportuno ou desnecessário das pazinhas alheias. Na realidade, a pazinha é usada com um julgamento equivocado. Esquivando-se a si mesmo da responsabilidade e preocupando-se de forma indevida com a vida do outro.
Deus não necessita de alguém com uma pá, a fim de redirecionar o que Ele falou para outrem. E infelizmente a pá tem sido usada dentro das igrejas. Muitas vezes Deus fala algo para uma pessoa, para a sua vida particular, aí ela pega aquela palavra, não se toca que é para ela, e passa na igreja, e ainda tem o descabimento de falar assim, eu estava lá em casa assim e assim e Deus falou comigo... Quer dizer a palavra que Deus falou comigo é comigo e para mim, e é diferente da palavra que Deus me mandou ministrar.
Confundir a pá com a enxada, ou trocar a enxada pela pá tem sido um dos grandes equívocos no meio evangélico.
Façamos, portanto o uso da enxada, puxando para nós a palavra que procede da boca de Deus.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Renovo


Não sou estudante de botânica, mas compreendi o mistério das árvores, compreendi o milagre de um broto, a maravilha do renovo.

Quanto mais sou cortado, mais eu broto, mais eu tenho com vontade de viver, mais eu vou avante com vontade de vencer.

A seiva do meu brotar, não vem de mim, vem do meu Deus.

Não fui criado para morrer assim por coisas banais, por coisas que me atingem sejam elas intencionais ou não.

Uma árvore quando cortada, ou quando sofre a ação da geada e todas as suas folhas caem, quando sofre a ação do fogo e perde todo o seu vigor, poderia muito bem ficar prostrada, se dar por vencida por essas circunstâncias tão cruéis da vida.

 Uma árvore não desiste de lutar. Ela escolhe brotar.



Sendo assim, a geada pode me acabar com as folhas, me impedir de sombrear. O fogo pode me queimar os galhos, me impedir de sustentar. O machado pode derrubar meu tronco, me desestruturar.

Mas nada pode me impedir a força de construir novamente o que perdi.

Minha raiz está intacta, bem firme na Rocha viva que me dá a vida.



Por que perder tempo com ressentimentos? Até chegar ao ponto de colocar o próprio Deus contra a parede dos questionamentos.

A gente escolhe se encolher e morrer ou ser completamente renovado. Muitos ficam mortos pela ação sofrida, ou morrem logo em seguida em decorrência da decepção.

O que tem matado a muitos, não é a ação propriamente sofrida é a falta de reação em seguida. A ação sofrida esfria, queima, machuca. Mas a inércia é que dá o golpe de misericórdia. O que mata na verdade é a passividade, o lamento.

O deplorável exercício de encontrar culpados. Você pode chorar, você pode sofrer, mas você precisa escolher vencer, escolher brotar. Você pode escolher se lamentar a vida toda o que foi perdido, quando pode escolher esquecer tudo e recomeçar uma nova vida.

Sempre existe algo de Deus para colocar em prática de alguma forma em algum lugar. Existe algo para se ocupar, no qual se refazer, se realizar.

Há muitas outras coisas para fazer. Há muitos projetos para desenvolver. Se alguma coisa terminou, se alguma coisa chegou ao seu fim, é por que também chegou o tempo de experimentar algo novo. De viver uma nova história.

Lembro-me de um slogan de uma campanha há muito tempo aqui em Nova Esperança que dizia – Aonde arrancar uma árvore, plante duas. Ou seja – quanto àquilo que foi arrancado de você, faça novamente duas vezes melhor. Construa novamente. Tente outra vez.

E nunca esteja firmado naquilo que você faz. Esteja  sempre firmado Naquele que te faz fazer. Não esteja firmado nas suas atividades, tarefas ou aptidões. Esteja firmado em Quem te dá o dom, e te concede a dádiva das realizações. Sinta-se na força do Senhor Deus.



Como diz o Salmo 71: 16.

Sinto-me na força do Senhor Deus e rememoro a Tua justiça. A Tua somente.



Sendo assim, que mesmo depois todas as decepções da vida você possa dizer: Sinto-me na força do Senhor. Não esqueço a Sua Justiça. E, aqui vou eu novamente, construir algo novo e diferente para Deus.