sábado, 30 de dezembro de 2023

A caminho da aldeia de Emaús

 

Lucas 24: 13. Naquele mesmo dia, dois dos discípulos de Jesus estavam de caminho para uma aldeia chamada Emaús, que fica a cerca de onze quilômetros de Jerusalém.

Aquele mesmo dia era o domingo da ressurreição. Jesus havia ressuscitado de madrugada. Ainda de manhã tinha aparecido a Maria Madalena. Pedro e João haviam testemunhado o sepulcro vazio.

Dois discípulos estavam de caminho pra sua aldeia. Não acreditaram na ressurreição. Haviam presenciado a crucificação. Tinham informações do sepultamento. Mas não tinham visto Jesus ressuscitado.

Tristes, abatidos, decepcionados, voltavam pra casa como quem volta de um enterro. Jesus não teve um cortejo até o túmulo. Mas estes discípulos faziam seu cortejo particular, para si mesmos enquanto começava sua longa caminhada fúnebre.

Estavam voltando pra sua aldeia após terem enterrado sonhos, planos, expectativas, esperança, após terem enterrado Jesus.

Quantos estão assim... há tanto tempo em uma caminhada fúnebre, tristes, abatidos, decepcionados, após terem enterrado tantas coisas.

 

Lucas 24: 14. Enquanto eles caminhavam, iam falando a respeito de tudo que tinha acontecido.

A caminhada fúnebre é devagar, quase se arrastando. A conversa pesarosa. Duas pessoas tristes conversando só podem concluir cada assunto em concordante pessimismo.

Falavam da crucificação, do sepultamento, até da notícia do sepulcro vazio, mas não conseguiam acreditar. A maior decepção foi não ter acontecido do jeito que eles queriam. Ver Jesus ser coroado Rei de Israel nessa última entrada em Jerusalém.

Só conseguiam concluir que tudo estava acabado. Os milagres que viram, as palavras que ouviram estavam apagadas pela tristeza do coração.

Assim, deixam Jerusalém, o lugar onde Jesus havia dito para ficarem esperando a promessa, o derramar do Espírito, e vão tentar acomodar-se na sua velha aldeiasinha.

Hoje, muitos fazem essa mesma caminhada sozinhos, conversando assim "com os seus botões", com o seu próprio pensamento. Decepcionados porque as coisas não saíram como planejado, conforme o seu desejo.

 

Lucas 24: 15-16. Enquanto assim comentavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou, e ia com eles, mas os olhos deles estavam como que fechados, de sorte que não o reconheceram.

Enquanto a triste caminhada acontecia. Enquanto falavam, argumentavam, discutiam, Jesus Ressuscitado se aproximou deles e foi caminhando junto com eles e os ouvindo.

Eles não reconhecem que é Jesus. Seus olhos estão fechados por conta das emoções abaladas. A princípio, Jesus somente caminha ao lado, sem dizer palavra alguma.

Na caminhada triste ,Jesus se aproxima. Jesus está presente. Jesus escuta os nossos pensamentos e as discussões dos nossos corações.

Embora a maioria das vezes não O enxergamos, Ele está presente nos momentos mais tristes da caminhada. Ele está próximo, está vivo. Caminha ao nosso lado, atento às palavras de nossa boca, aos pensamentos da nossa mente e até aos sussurros do nosso coração.

 

 Lucas 24: 17. Então lhes perguntou Jesus: Que é isso que vos preocupa e de que ides tratando à medida que caminhais? E eles pararam entristecidos.

Jesus se aproxima, caminha junto, escuta, mas chega o momento Dele entrar no assunto. E Ele tem uma maneira estratégia de fazer isso - faz de conta que não sabe de nada, mas ao mesmo tempo é bastante incisivo.

O que é isso que te preocupa? O que que te decepcionou? O que fez você empreender essa caminhada triste?

Jesus acompanha, ouve, "dá corda" até que chega o momento de interferir.

Jesus quer entrar no assunto dessa decepção. Quer saber mais coisas... quer conversar sobre isso... na verdade Ele quer falar sobre isso, para curar toda tristeza. Para sarar toda mágoa. Para reverter toda decepção.

E quando Ele faz essa interferência os discípulos tristes levam um choque de realidade - param entristecidos, pensativos, perplexos, imóveis.

Até a própria caminhada parou!

Sim, a caminhada fúnebre tem que parar, ainda que seja necessário um choque de realidade.

Sim, a caminhada fúnebre tem que parar de alguma maneira - pois chegou a hora de conversar com Jesus.

 

Lucas 24: 18-26 (...).

Cleopas começa a falar, a princípio com desdém e ironia. Mas Jesus faz de conta que não sabe de nada, dando-lhes a oportunidade de contar tudo.

Eles esperavam que Jesus se tornasse rei de Israel, mas ele foi crucificado e já era o terceiro dia. Tinham o relato das mulheres e o testemunho de Pedro e João (Lucas 24: 1-12 / João 20: 1-10). Então concluem: "Mas não o viram".

Eis o motivo da decepção e da caminhada fúnebre.

1) Acreditar em algo que o seu próprio coração criou e não aconteceu (Jesus feito rei de Israel).

2) Não acreditar na ressurreição diante dos testemunhos, das Escrituras e do que o próprio Jesus já tinha avisado antes, e não saber esperar mais provas.

Pronto ! Conversando com "O Médico dos médicos", o diagnóstico é perfeito.

"Não acreditar na Ressurreição. Não acreditar nas palavras que Jesus falou traz decepção e tristeza".

E o remédio para a caminhada triste é a Palavra de Deus que esclarece e vivifica.

 

Lucas 24: 27. E começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras.

Após a argumentação de Cleopas, Jesus os chama à atenção por não terem entendido nem acreditado nas Escrituras.

O questionamento é: "Pôxa vida, vocês nunca leram nem ouviram que O Cristo ia padecer e entrar na Glória"?

Em seguida, lhes explica a Bíblia, especificamente as passagens que se referem ao Messias.

Acredito que quando Jesus começa a expôr as Escrituras a caminhada que havia parado também reinicia. E a cada passo ouvindo Jesus, a cada passagem da Bíblia que ouviam a tristeza ia deixando seus corações, a decepção ia ficando para trás.

O remédio para os passos tristes, para a caminhada da decepção, para o percurso fúnebre é a Palavra de Deus.

Depois (Lucas 24: 32), eles vão relembrar e testemunhar que o coração ardia quando Jesus lhes expunha a Palavra de Deus.

E assim aquela longa caminhada de onze quilômetros chega ao fim.

"Nessa longa caminhada da vida que você tem feito, escute a Palavra de Deus, deixa Jesus falar contigo, sinta seu coração arder e assim a tristeza vai embora, a decepção ficará para trás, o desapontamento não existirá mais. Deixa Jesus reconquistar você".

 

 Lucas 24: 13-27. (...)

Percebo três fases progressivas na caminhada dos dois discípulos rumo a Emaús.

A primeira fase - extremamente fúnebre, entristecidos, preocupados, decepcionados, frustrados, pensativos, discutindo os últimos acontecimentos e sozinhos.

A segunda fase - Jesus se aproxima deles, caminha com eles, escuta o que eles estão conversando, mas eles nem ligam e nem reconhecem que é Jesus. E Jesus aguardando um momento apropriado para entrar na conversa.

A terceira fase - é quando Jesus explica as Escrituras. Jesus fala ao coração deles a ponto de arder. Então a caminhada termia.

A caminhada das nossas vidas também pode passar por fases. Pode haver tempo e percurso difícil, quando vemos muitas coisas sendo "enterradas" e não entendemos, ficamos sozinhos.

A segunda fase é quando continuamos na prova, na dificuldade extrema mas não percebemos que Jesus caminha conosco aguardando uma reação nossa para agir.

E a melhor fase é quando Deus interfere na nossa caminha triste e muda todo o teor dela, fazendo nosso coração arder pelas Suas Palavras.

 

Lucas 24: 28. Quando se aproximavam da aldeia para onde iam, fez Ele menção de passar adiante.

Para Zaqueu (Lucas 19: 5), Jesus disse: - "Desse depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa". Para esse dois discípulos no caminho de Emaús, Jesus não se convidou pra ficar na casa deles e ainda fez menção de passar adiante.

Deixa um "vácuo", que na verdade é uma oportunidade para reação.

Jesus tinha caminhado com eles, os ouvido, já havia explicado as Escrituras, e quando chega próximo de suas casas, faz menção de deixá-los.

Apesar dos olhos deles estarem impedidos de reconhecer Jesus, os coraçãos não estavam impedidos de sentir - pelo menos, ardia.

Muitas vezes nós também ficamos frente à frente com "esse vácuo", essa oportunidade de agir. É uma espécie de prova, uma bênção disfarçada.

Hebreus capítulo treze versículo dois nos fala sobre a hospitalidade, testemunhando que alguns ao praticarem a hospitalidade, sem saber acolheram anjos.

Ao praticarmos princípios da Palavra de Deus aproveitamos oportunidades, "preenchemos vácuos", e somos grandemente abençoados.

 

 Lucas 24: 29. Mas eles O constrangeram, dizendo: - Fica conosco, porque é tarde e o dia já declina. E entrou para ficar com eles.

Aqueles discípulos de repente tem uma atitude, uma reação que não conseguem imaginar as consequências, mas o fazem já inspirados por Deus, sem o saber.

Já não havia mais decepção - o coração ardia. Já não havia mais preocupação - A Palavra havia explicado tudo. Só não havia ainda a fé brotado novamente.

Naquele momento da caminhada, uma encruzilhada, uma bifurcação do caminho, certamente houve uma paradinha, quando Jesus fez menção de passar adiante. Seus pensamentos também estavam parados, não conseguiram ainda discernir que era Jesus.

E como que "sem pensar"; em uma reação meramente espontânea fazem o convite: Fica conosco.

Seus argumentos são simplistas e naturais: "Porque é tarde e o dia já declina". Ah, mas Jesus não perde oportunidade alguma, mesmo que não temos argumentos convincentes.

"Fica comigo Senhor, porque preciso" - já é o suficiente. "Fica comigo Senhor, porque não tenho ninguém". "Fica comigo Senhor, porque ... E Jesus entra pra ficar conosco.

E Jesus entrou para ficar com eles.

Jesus só espera um convite, por mais simples que seja, sem argumentos nem cerimônia. Ele até cria a oportunidade, fazendo menção de passar adiante, ou batendo à porta.

 

 Lucas 24: 30-31a. E aconteceu que, quando estavam à mesa, tomando Ele o pão, abençoou-o e, partindo lhes deu; então, se lhes abriram os olhos, e O reconheceram...

A mesa significa comunhão e o partir do pão por Jesus é cear com Ele.

Para entrar na casa é preciso um convite, contudo, uma vez dentro da casa Jesus toma conta da mesa, abençoa e parte o pão.

Jesus na caminhada, não perceberam que era Ele, estavam tristes, decepcionados demais.

Jesus na conversa pelo caminho, não perceberam que era Ele, as informações não encaixavam na mente deles.

Jesus na exposição da Palavra, não reconheceram que era Ele, o coração até ardia, mas não abria.

Jesus na casa deles, não reconheceram que era Ele, já era tarde, estavam cansados.

Mas Jesus à mesa no partir do pão - é irresistível, os olhos deles se abriram e reconheceram que era Jesus.

Andar com Jesus é bom, conversar com Jesus pelo caminho é ótimo, ouvir Jesus é melhor ainda. Ter Jesus em casa - maravilha. Mas não pode faltar o momento de se "assentar com Ele à mesa e participar do Seu Pão".

Entre outras coisas, participar do pão é um simbolismo para viver em comunidade ou ao menos frequentar a igreja. É o que os discípulos vão fazer logo em seguida - voltar para Jerusalém e se reunir com os outros que já se acham reunidos.

 

 Lucas 24: 31b... mas Ele desapareceu da presença deles.

Quando os olhos daqueles discípulos finalmente abriram e reconheceram que era Jesus, Ele desapareceu da presença deles.

Anteriormente Jesus fez menção de passar adiante, agora passou para uma outra dimensão.

Esse é o segundo "vácuo" que Jesus deixa no ar e significa mais uma oportunidade de agir.

O versículo seguinte demonstra que os discípulos já fazem progresso; lembram que o coração ardia quando Jesus lhes falava a Palavra.

Lucas 24: 32. E disseram um ao outro: Porventura não nos ardia o coração, quando Ele, pelo caminho, nos falava, quando nos expunha as Escrituras?

Jesus desapareceu, mas deixou sua impressão. Os discípulos precisavam ser preparados para seguir em frente sem Jesus em corpo presente. Precisavam aprender a seguir o Espírito Santo que já estava com eles e em breve os revestiria.

A impressão de Jesus é o que temos hoje quando há a convicção "Jesus está aqui neste lugar". Não vemos figura alguma, nem vulto, nem sombra, mas dá pra sentir uma impressão muito forte.

Os discípulos precisavam aprender a caminhar de "olhos abertos", sem precisar ver Jesus, bastando o coração arder ao ouvirem no espírito A Palavra.

 

Lucas 24: 33. E, na mesma hora, levantando-se, voltaram para Jerusalém, onde acharam reunidos os onze e outros com eles.

E, na mesma hora... Já era tarde, tinham dito um pouco antes. Mas não é tarde, nunca é tarde para voltar ao propósito, para retomar o caminho e retornar à Jerusalém.

Voltaram para Jerusalém... A caminhada fúnebre os conduzira até sua aldeiasinha, ali pretendia tocar a vida e esquecer tudo o que se referia a Jesus e ao reino de Deus. Mas Jesus foi lá caminhar com eles, conversar com eles, cear com eles e reconquistá-los.

Acharam reunidos os onze... Enquanto eles perfazem o trajeto de 11 Km de volta para Jerusalém, agora apressados, Jesus já tinha reconquistado Tomé, aquele que disse que só acreditaria em Jesus ressuscitado se visse o sinal dos cravos e colocasse ali o dedo, e mão no Seu lado onde a lança O transpassou.

Os onze estavam reunidos... A reunião continua acontecendo, Jesus continua reconquistando Seus discípulos.

Deixa Jesus reconquistar você, e vem pra reunião na igreja você também.