domingo, 11 de dezembro de 2016

A terceirização da igreja



A terceirização da igreja

            Nos últimos tempos generalizou-se a onda da terceirização. Empresas que detinham corpo de funcionários em várias funções, optaram por terceirizar diversos setores de suas operações. O objetivo imediato é se livrar de encargos trabalhistas e enxugar o sistema, podendo concentrar-se mais nas atividades ligadas ao foco principal da empresa.
Por outro lado isso deu lugar à criação de outras empresas para operar nas alas terceirizadas. Empresas que por estarem concentradas em poucas operações podem mais facilmente se especializarem e atenderem uma variedade de clientes, no caso outras empresas que terceirizaram alguns de seus setores. A terceirização simplesmente repassa serviço, pagando por isso, e colocando a responsabilidade do setor nas mãos do contratado terceirizado.
No entanto a empresa que terceiriza seus serviços, que antes investia na formação de pessoal, agora pára totalmente esse investimento, ou seja, essa empresa geralmente com uma estrutura física e financeira capaz de investir na formação de novos talentos e qualificar muitos, simplesmente abandona essa tarefa, pois na sua visão terceirizada só pretende receber o serviço realizado. Não forma mais profissionais em várias áreas, não investe mais como antes na formação de pessoal. Para ela o objetivo é encontrar um terceiro que lhe faça o serviço desejado por um certo valor financeiro combinado.
Agora, essa onda de terceirização está tomando conta também das igrejas. Algumas igrejas estão terceirizando seus ministérios e contratando gente profissional tão somente para executar o serviço ministerial remunerado, sem que haja qualquer outro vínculo. O pregador é terceirizado, a banda de música, o líder de jovens, a companhia de teatro. Pode até ser uma tentativa de oferecer um serviço melhor, um serviço de qualidade. Pode até ser uma tentativa de levantar a igreja, mas como nas empresas, isso também tem um lado negativo, onde descarta totalmente a possibilidade de descobrir novos talentos, de levantar pessoas no ministério. Afinal de contas, tem-se preferido pagar para um terceiro executar o serviço de forma profissional, do que investir na formação de pessoas e correr o risco divino de dar oportunidade às talentosas ovelhas do próprio rebanho.
Assim terceiros profissionais se profissionalizam cada vez mais em seus serviços, ocupando-se praticamente todos os dias da semana e transformando o que deveria ser um ministério de chamado e de todo o coração apenas num serviço prestado por conta da remuneração, e ainda sem qualquer vínculo com aquela comunidade em questão.
Há muitos talentos relegados ao esquecimento. Há muitos talentos há espera de um incentivo, à espera de uma oportunidade para fluir maravilhosamente. Mas há cada vez menos espaço, cada vez menos oportunidades, cada vez menos incentivo e apoio para alguém se desenvolver. Líderes tem preferido se eximir da responsabilidade de treinar e enviar, pastores tem preferido contratar terceiros para fazer a obra de forma profissional do que investir e oportunizar pessoas talentosas do seu próprio pessoal.
Tem se preferido desacreditar o potencial que Deus coloca diante dos olhos em prol de um profissionalismo terceirizado que supostamente traz mais resultados. Igrejas tem se comportado como empresas onde se busca o resultado numérico e o profissionalismo para atrair clientes. Onde se contrata o terceiro para executar o serviço ministerial que seja do agrado das pessoas influentes na igreja.
A terceirização da igreja garante o serviço prestado de forma profissional, no entanto é um serviço pago, um serviço contratado a dinheiro, onde tira de cena a oportunidade de muitos que o fariam por amor e compromisso com Deus.

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