A terceirização da igreja
Nos
últimos tempos generalizou-se a onda da terceirização. Empresas que detinham
corpo de funcionários em várias funções, optaram por terceirizar diversos
setores de suas operações. O objetivo imediato é se livrar de encargos trabalhistas
e enxugar o sistema, podendo concentrar-se mais nas atividades ligadas ao foco
principal da empresa.
Por outro lado
isso deu lugar à criação de outras empresas para operar nas alas terceirizadas.
Empresas que por estarem concentradas em poucas operações podem mais facilmente
se especializarem e atenderem uma variedade de clientes, no caso outras
empresas que terceirizaram alguns de seus setores. A terceirização simplesmente
repassa serviço, pagando por isso, e colocando a responsabilidade do setor nas
mãos do contratado terceirizado.
No entanto a
empresa que terceiriza seus serviços, que antes investia na formação de
pessoal, agora pára totalmente esse investimento, ou seja, essa empresa
geralmente com uma estrutura física e financeira capaz de investir na formação
de novos talentos e qualificar muitos, simplesmente abandona essa tarefa, pois
na sua visão terceirizada só pretende receber o serviço realizado. Não forma
mais profissionais em várias áreas, não investe mais como antes na formação de
pessoal. Para ela o objetivo é encontrar um terceiro que lhe faça o serviço
desejado por um certo valor financeiro combinado.
Agora, essa
onda de terceirização está tomando conta também das igrejas. Algumas igrejas
estão terceirizando seus ministérios e contratando gente profissional tão
somente para executar o serviço ministerial remunerado, sem que haja qualquer
outro vínculo. O pregador é terceirizado, a banda de música, o líder de jovens,
a companhia de teatro. Pode até ser uma tentativa de oferecer um serviço
melhor, um serviço de qualidade. Pode até ser uma tentativa de levantar a
igreja, mas como nas empresas, isso também tem um lado negativo, onde descarta
totalmente a possibilidade de descobrir novos talentos, de levantar pessoas no
ministério. Afinal de contas, tem-se preferido pagar para um terceiro executar
o serviço de forma profissional, do que investir na formação de pessoas e
correr o risco divino de dar oportunidade às talentosas ovelhas do próprio
rebanho.
Assim
terceiros profissionais se profissionalizam cada vez mais em seus serviços,
ocupando-se praticamente todos os dias da semana e transformando o que deveria
ser um ministério de chamado e de todo o coração apenas num serviço prestado
por conta da remuneração, e ainda sem qualquer vínculo com aquela comunidade em
questão.
Há muitos
talentos relegados ao esquecimento. Há muitos talentos há espera de um
incentivo, à espera de uma oportunidade para fluir maravilhosamente. Mas há
cada vez menos espaço, cada vez menos oportunidades, cada vez menos incentivo e
apoio para alguém se desenvolver. Líderes tem preferido se eximir da
responsabilidade de treinar e enviar, pastores tem preferido contratar
terceiros para fazer a obra de forma profissional do que investir e oportunizar
pessoas talentosas do seu próprio pessoal.
Tem se
preferido desacreditar o potencial que Deus coloca diante dos olhos em prol de
um profissionalismo terceirizado que supostamente traz mais resultados. Igrejas
tem se comportado como empresas onde se busca o resultado numérico e o
profissionalismo para atrair clientes. Onde se contrata o terceiro para
executar o serviço ministerial que seja do agrado das pessoas influentes na
igreja.
A
terceirização da igreja garante o serviço prestado de forma profissional, no
entanto é um serviço pago, um serviço contratado a dinheiro, onde tira de cena
a oportunidade de muitos que o fariam por amor e compromisso com Deus.
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